domingo, 9 de maio de 2010

Primavera com Matisse



Tive que hibernar de novo porque até hoje, por incrível que pareça, o inverno não terminou na Holanda. Oficialmente, a primavera já começou há muito tempo, mas a temperatura continua lá embaixo... Hoje o termômetro está em 8 graus.

Que fazer? Desistir de vez de Amsterdã? O jeito é buscar abrigo e conforto em lugares fechados. A Biblioteca Pública - abrigo pra todas as horas -, o cinema (assisti 'Gainsbourg (vie heroïque)' esta semana e adorei!), os museus...

A novidade - maravilhosa novidade - na cidade é o Hermitage Amsterdam, um braço do museu de São Petersburgo que traz exposições temporárias de partes do acervo russo para Amsterdã. Um privilégio. Quem mora ou apenas passa por Amsterdã não pode deixar de ver.

Até setembro de 2010, o Hermitage Amsterdam está apresentando obras das coleções de Shchukin e Morozov - os dois comerciantes de tecidos russos que no início do século XX compraram dezenas de Matisses, Picassos, Van Dongens, Kandinskys, Malevitchs. A cada viagem a Paris eles voltavam com novas telas. Apresentaram o modernismo aos pintores russos e fizeram história. Tudo depois confiscado pela revolução, e agora em exposição em Amsterdã.

Dizem que o tempo médio de um visitante de museu em frente a cada obra é 8 segundos. Devo ter feito subir muito esta média depois de passar pelo menos meia hora extasiada diante - pela primeira vez na vida - de 'La chambre rouge', de Matisse (que é muito maior e muito mais lindo do que eu jamais imaginei!) e mais hora e meia embasbacada com 'Composition VI', o Kandinsky mais fantástico do mundo!

E hoje é o último dia para ver 'La Danse', de Matisse - que nenhum adjetivo, superlativo ou o que seja pode descrever. O quadro fez uma aparição especialíssima na exposição por apenas seis semanas e já vai voltar para a Rússia.

Se estiver em Amsterdã, corra pra lá!