quarta-feira, 22 de julho de 2009

Chega de verborragia

Tenho me achado meio chata e verborrágica neste blog. Juro que a intenção não era esta...

Pra não começar de novo a chorar pitangas nem dar uma de guia turístico, hoje vou escrever bem pouco e só deixar um presentinho do You Tube: Wende Snijders, cantora holandesa que nos últimos anos tem arrebatado platéias interpretando canções francesas (e belgas! Como esta, linda, do sempre maravilhoso Jacques Brel - 'Le plat pays')

domingo, 19 de julho de 2009

Do outro lado do IJ

Amsterdã é uma cidade cheia de segredos e surpresas. Mesmo quem vive aqui há muito tempo está sempre descobrindo coisas novas.

Meu mais recente ‘local preferido’ da cidade é a NDSM. A sigla vem de Nederlandsche Dok en Scheepsbouw Maatschappij (sociedade holandesa de docas e estaleiros). Fica na região norte, junto ao IJ (pronuncia-se ‘ai’), o braço d’água que liga Amsterdã ao mar.

Logo atrás da Estação Central – que é um prédio lindo do arquiteto P.J.H. Cuypers, construído entre 1881 e 1889 sobre três ilhas artificiais – pode-se pegar o ferry-boat (que aqui se chama pont) que leva até a NDSM. É de graça.

Já na chegada, um submarino semi-emergido e o Botel, um hotel-barco, chamam a atenção. A parada do pont é próxima à IJ-Kantine, um café-restaurante legal, mas um tanto caro. Explorando um pouco mais a região - que pode parecer um grande terreno baldio com barracões abandonados, mas não é -, um outro café, na minha opinião bem mais charmoso, o Noorderlicht, é o lugar perfeito para uma tarde de sol ou uma noite de verão.

Um dos barracões da NDSM é hoje um centro de cultura alternativa, com ateliês, teatro e pista de skate. Ali também rolam altas festas. É um destes lugares meio surreais, em que a gente se sente como personagem de um filme.

Abrindo hoje o site da NDSM, dei de cara com uma fotomontagem superbacana de Marc Faasse, que foi meu professor de fotografia (e é uma graça de holandês!). Ele inventou uma câmara suspensa que utiliza em muitos de seus trabalhos, criando imagens únicas, com um ponto de vista original (em muitos sentidos).

O vídeo abaixo é um clipe feito para o festival Over het IJ, que acontece sempre nas duas primeiras semanas de julho. É de 2007-2008, mas dá uma boa idéia do espírito da NDSM. Os espetáculos são apresentados dentro de contêineres ou ao ar livre, em locações das mais inesperadas...

sábado, 18 de julho de 2009

De graça pela cidade

Dois meses depois...

Entrei em 'crise existencial' e o blog foi a primeira coisa que deixei de lado. Por que será?

A crise existencial continua - na verdade, acho que no meu caso ela é crônica, mas às vezes se torna aguda, e foi o que aconteceu. Por sorte já passou.

Mudando de assunto e entrando no assunto que me trouxe ao blog nesta manhã de sábado (chuvoso, um dia de outono em pleno verão holandês), ontem traduzi uma matéria superinteressante de um colega da Radio Nederland para o site em português, Grátis: o cúmulo da reciclagem. O texto fala, entre outras coisas, sobre o livro "Free", do americano Chris Anderson, com sua teoria sobre produtos e serviços gratuitos.

Isso me fez pensar em todos os ótimos programas gratuitos que Amsterdã oferece. Um dos meus favoritos é o lunchconcert do Concertgebouw, um concerto na hora do almoço, sempre às quartas-feiras, com entrada franca. Como os concertos de música clássica aqui costumam ser muito caros, o lunchconcert é uma opotunidade única para ver grandes solistas e grandes maestros sem ter que desembolsar nada. Tem que chegar com alguma antecedência, porque os concertos são bem concorridos, mas a sala é grande, então são poucos os que ficam de fora.

Os concertos gratuitos são curtos - entre 30 e 45 minutos -, mas valem a pena. Eu já assisti a concertos na hora do almoço regidos por por Zubin Mehta, Colin Davis, Riccardo Chailly, Mariss Jansons (os dois últimos, os mais recentes regentes titulares da Orquestra do Concertgebouw, que é atualmente considerada a melhor do mundo). E o melhor, na minha opinião, é pegar os assentos atrás da orquestra, de onde se vê o maestro de frente, o que é uma experiência muito especial.

E os concertos na hora do almoço não acontecem apenas no Concertgebouw. A Stopera (como é popularmente chamado o prédio que reúne a prefeitura e a ópera) e o Muziekgebouw aan 't IJ têm seu lunchconcert às terça-feiras, a Westerkerk às sextas, e dando uma olhada na programação da cidade é possível encontrar outros, esporádicos, em igrejas, bibliotecas, etc. O horário é sempre o mesmo: 12h30.

A Bimhuis, o melhor palco para shows de jazz e world music de Amsterdã, também costuma ter apresentações gratuitas, às 20h30, nas segundas ou terça-feiras. Vale ficar de olho no site.

Durante o verão, o Vondelpark - o Central Park de Amsterdã - também tem uma boa programação de shows no Openluchttheater, o teatro ao ar livre. Em outro parque, o Amsterdamse Bos, a tradição é Shakespeare no BosTheater, sempre com grandes montagens. Este ano, "A Tempestade". As pessoas em geral vão mais cedo, com cestas de piquenique e garrafas de vinho, e fazem um programa grátis completo (se bem que, ali não é tão grátis assim... Embora não seja cobrada entrada, os artistas passam o chapéu no final da peça e espera-se que todo mundo dê algum trocado).

Em agosto, há também o Uitmarkt, uma espécie de festival que marca o início da temporada de espetáculos. Durante um fim de semana inteiro, vários espetáculos de teatro, música e dança que estarão em cartaz nos meses seguintes fazem sessões gratuitas ou apresentam pelo menos parte do show de graça.

Para a trilha sonora de hoje, 'Das Himmlische Leben', da Sinfonia n.4 de Mahler, com a solista Christinne Schafer e a Orquestra Real do Concertgebouw de Amsterdã, sob regência de um de seus maestros mais famosos, Bernard Haitink (Márcio, você havia me perguntado se ele ainda era vivo - completou 80 anos este ano!).