sábado, 16 de maio de 2009

Na sala escura

Mais de dez dias sem dar notícias...

Estive fora de circulação por conta de um amor antigo - o cinema. Na última semana, aconteceu o festival de cinema latino-americano em Utrecht, o LAFF, um dos festivais mais simpáticos da Holanda.

Utrecht fica a apenas meia hora de trem de Amsterdã e é um desses lugares utópicos - uma cidade de porte médio, que oferece tudo de bom que uma cidade grande pode oferecer, mas é tranquila como uma cidadezinha de interior. Além de ser uma das mais lindas cidades holandesas (adoro Amsterdã, mas devo confessar que tenho uma queda por Utrecht...)

De volta ao cinema, durante o LAFF pude tirar o atraso com os filmes brasileiros e bater um papo com Walter Salles (muito querido, muito sedutor e sempre muito atencioso com todos). Também assisti a um bonito filme peruano, "La teta asustada" (vencedor do festival de Berlim deste ano), de Claudia Llosa (sim, filha do Mario), e o extraordinário "Historias extraordinárias", do argentino Mariano Llinás, um filme com mais de 4 horas de duração, cheio de ousadias e com muita vocação pra virar cult.

Pra quem gosta de cinema (quem não gosta?), outros bons momentos para se estar na Holanda são janeiro, para o Festival Internacional de Roterdã - o maior do país e um dos principais da Europa -, e novembro, para o IDFA, em Amsterdã - maior festival de documentários do mundo.

Em Roterdã, assiti este ano a alguns filmes imperdíveis. Não sei se já chegaram ao Brasil, mas vale a pena ficar de olho: "Tôkyô Sonata", belíssimo filme de Kiyoshi Kurozawa; "The sound of insects", insólito longa do suíço Peter Liechti; e o documentário "Fixer: The Taking of Ajmal Naqshbandi", de Ian Olds(este é pesadíssimo, mas é muito bom, especialmente para jornalistas).

O IDFA, em Amsterdã, é sempre cheio de surpresas, já que apesar da popularidade que o documentário vem ganhando ultimamente, ainda é um gênero menos prestigiado pelo público e pelos exibidores. Ao longo dos anos, assisti no IDFA vários dos filmes que hoje colocaria na minha lista de favoritos, entre eles o excelente "Darwin's Nightmare", do austríaco Hubert Sauper; "Svyato", do russo Viktor Kosakovsky (que registra o momento em que uma criança se vê pela primeira vez no espelho - um filme que em sua simplicidade consegue ser altamente revelador da natureza humana); o lindo "Encounters at the end of the world", de Werner Herzog (aliás, encontrar Herzog em pessoa também foi marcante!); "Stranded", do uruguaio Gonzalo Arijon (que conseguiu fazer um filme primoroso a partir de um tema difícil e já outras vezes abordado pelo cinema e pela literatura - o acidente aéreo com o time uruguaio de rugby nos Andes, nos anos 70), e o provocante documentário do artista plástico holandês Renzo Martens, "Episode 3: Enjoy Poverty", sobre a vergonhosa maneira como a pobreza na África é mantida e explorada pelos países ricos, pelos governos africanos e, muitas vezes, pelas próprias organizações humanitárias.

Como o assunto é cinema, escolhi para este post um trecho de um filme de um realizador holandês (de Utrecht!), do qual alguns com certeza vão lembrar: "De Illusionist", de Jos Stelling.

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